Escutei essa frase outro dia no podcast Job Pra Ontem, numa referência ao livro Realismo Capitalista de Mark Fisher, e o SIM a essa resposta ainda parecer ser muito mais provável do que o NÃO. Pelo menos é o que eu leio nas expressões e muitas vezes o que escuto quando questiono algumas pessoas, amigas ou clientes, sobre nosso posicionamento como indivíduos e/ou empresas ao viver, fazer escolhas e, especialmente, consumir.
Antes de falar sobre o tema eu acho importante me posicionar a favor do capitalismo, porém não no formato que estamos vivendo hoje.
Há pouco mais de 5 anos eu conheci o Capitalismo Consciente e isso mudou muito a minha percepção sobre os negócios e sobre o mundo. De lá para cá, me aprofundando no tema, conheci novas formas de pensar o capitalismo e a vida em sociedade através dos negócios de impacto, negócios sociais, novo capitalismo, economia do propósito, capitalismo inclusivo, empreendedorismo Social, Economia colaborativa. Esses são alguns dos nomes diferentes para mesma ideia, alguns tem abordagens diferentes, mas todos caminham para o mesmo objetivo: repensar o capitalismo.
Aquecimento global, extinção de animais, plásticos nos oceanos e na nossa comida, epidemias e pandemias, aumento da situação de miséria e fome. Não dá mais para fazer de conta que as nossas ações não impactam o mundo e a nossa vida. E, em vez de ficarmos pensando no fim do mundo, precisamos repensar o capitalismo.
Esta não é mais uma conversa nichada entre um público específico de cientistas e ativistas, este é um tema que precisa estar na pauta do almoço em família e também nas reuniões de negócios, e, aqui, vamos focar no 2o ambiente.
Você já parou para pensar os impactos do seu negócio? Positivos como: empregabilidade, estímulo a economia local, valorização da ciência ou do artesanato etc. E tem também os impactos negativos, como: geração de lixo, incentivo a trabalho com baixa qualidade de vida, incentivo a importação e, assim, desincentivo a produção brasileira etc.
Não podemos colocar nosso olhar e energia apenas no produto ou serviço que entregamos, se a nossa embalagem é apenas bonita e eficiente, se o preço de aquisição do insumo é o mais baixo que você consegue, se está conseguindo o maior lucro possível. Esse pensamento míope e egocêntrico nos trouxe ao cenário de hoje, precisamos mudá-lo, e isso precisa acontecer urgentemente.
Um primeiro bom caminho para iniciar essa jornada é estudar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). Em 2015 ONU organizou e divulgou um documento que é resultado de um processo global participativo com visão ambiciosa e transformadora para erradicar os piores problemas da nossa sociedade moderna como fome, precarização da saúde, violência, desigualdades, degradação ambiental, esgotamento dos recursos naturais, dentre outros. Ele foi um guia para que países montassem as suas estratégias de trabalho, mas ele é também um guia para nós, cidadãos e empreendedores, encontremos os papeis que nos cabem.
O 2o passo é pensar: O que me incomoda? Ajudar a resolver um problema que lhe incomoda é um bom caminho para ter consistência e resultados. Conhecimento é fundamental, ele vai ter guiar na decisão de mudanças que possam ser relevantes para o seu negócio e impactantes para o mundo.
Vou compartilhar alguns exemplos que são inspiração para mim:
TOMS: Eles doam um sapato novo para uma criança necessitada para cada sapato vendido pela marca. Criaram o conceito One for One®.
Catarina Mina: Em 2014 a empresa foi pioneira em abrir os custos de produção, chamando o consumidor para uma conversa, incluindo designers e artesãos, para que pudesse entender mais do universo da empresa e aproximar-se.
Muda Meu Mundo: Startup que conecta os pequenos produtores diretamente com os supermercados. Funciona como um marketplace simplificando a relação comercial para os agricultores familiares e supermercados. A empresa só cresce se os agricultores crescem primeiro. É a produção deles que faz o negócio tomar corpo.
Eu, como uma empreendedora que acredito no impacto social dos negócios e que estou nesse movimento de mudar os meus paradigmas, digo que não é simples, temos que estar abertos para desaprender o que aprendemos e criar um novo modo de entender e viver o mundo, mas sim, é possível! E, o meu primeiro negócio repensando o capitalismo, é a Gratidão.
Gratidão: Presentes com propósito de iniciar ondas infinitas do bem, quebrando os muros entre as pessoas e apoiando a sustentabilidade de ONGs que trabalham com pessoas em situação de rua.
"O capitalismo da livre iniciativa é o sistema mais poderoso de cooperação social e progresso humano já concebido. É uma das ideias mais convincentes que nós humanos já tivemos. Mas podemos aspirar ainda mais." Raj Sisodia - Co-fundador do Movimento Capitalismo Consciente.
E aí, vamos repensar o capitalismo? Juntos!
Se você quer aprender um pouco mais, seguem algumas fontes que foram muito valiosas para mim:
1. Livros
Comece algo que faça a diferença, Blake Mycoskie conta a história da TOMS
Rebeldes Têm Asas, Rony Meisler conta a história da Reserva
Capitalismo Consciente - Como Libertar o Espírito Heroico dos Negócios, John Mackey e Raj Sisodia, fundadores do movimento Capitalismo Consciente.
O banqueiro dos pobres, Muhammad Yunus conta a história do Banco Grameen
2. Vídeos
Salvando o capitalismo - Netflix
Um novo capitalismo - Youtube Films
3. Podcasts
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